No primeiro de dois dias de congresso, o presidente da Associação Portuguesa de Podologia (APP) Manuel Portela defendeu o reconhecimento da especialidade e inclusão de consultas Cuidados de Saúde de Proximidade.
“Vamos encetar todos os esforços, junto da Assembleia da República, para que seja reconhecido o estatuto de direito público à Associação dos Podologistas e que assim se possa promover a autorregulação e a descentralização administrativa, com respeito pelos princípios da harmonização e da transparência”
Foi com palavras de luta e resiliência que o presidente da Associação Portuguesa de Podologia Manuel Portela protagonizou o discurso de abertura do XVI Congresso Nacional de Podologia, que está a decorrer, até este sábado, dia 4, no Terminal de Cruzeiros do Porto de Leixões, no Porto.
“Não nos vale apontar o dedo, criticar ou responsabilizar o sistema – nós fazemos parte dele e temos de mudar mentalidades e demonstrar que somos uma peça fundamental na engrenagem”, afirmou defendendo que “somos precisos, somos um contributo para a sociedade e trabalhamos para a promoção da saúde e esse é um bem essencial”.
A iniciativa, dirigida a podologistas, reúne este ano 200 congressistas e junta à mesa especialistas de Portugal, Espanha e também EUA que vão debater novos conceitos, tratamentos e últimas inovações científicas nas áreas de Podiatria Infantil, Dermopodiatria, Podiatria Desportiva, Biomecânica e Ortopodiatria, Podiatria Clínica, Podiatria Cirúrgica e Pé Diabético.
Durante o discurso, Manuel Portela defendeu a importância do reconhecimento da especialidade de podologia no SNS dirigindo duras críticas ao governo executivo.
“As entidades de saúde não têm respeitado os podologistas, não querem ouvir os doentes, preferem gastar mais de 50 milhões de euros em amputações e tratamentos de feridas e de úlceras dos pés ao invés de investir em recursos humanos qualificados e diferenciados”, declarou insistindo de que “é necessária a criação de consultas de podologia nos Cuidados de Saúde de Proximidade. Não nos serviços hospitalares. Estes devem ficar reservados para os cuidados diferenciados da podologia”.
Para o presidente da Associação Portuguesa de Podologia (APP) “o Estado tem demostrado uma incapacidade total de legislação e regulação dos podologistas, permitindo atropelos graves para a classe profissional e para os doentes”.
Durante o discurso, Manuel Portela lembrou o papel fulcral dos podologistas nos cuidados de saúde, prestados aos portugueses. “somos úteis à sociedade, contribuímos para a melhoria da saúde pública, porque salvamos vidas e porque somos respeitados pelos nossos doentes”, disse no encontro que contou, na plateia, com a presença de Luísa Salgueiro, atual presidente da autarquia de Matosinhos e candidata socialista às eleições autárquicas de 2021,
“Os interesses dos doentes devem ser sempre salvaguardados, devem ser privilegiados e é por eles que existimos e sem os podologistas a máquina não funciona da mesma forma”, concluiu.
O XVI Congresso Nacional de Podologia conta com a participação de Laura Perez Palma, Marta Vinyals, Orlando Monteiro da Silva, Osvaldo Correia, Liliana Avidos, Aida Moreira, Paulo Amado, Duarte Pinheiro, Kevin A.Kirby, André Maia Silva, João Martiniano, Ricardo Dias, Filipe Rodrigues, Luciana Garcia Santos, Liliana Sousa, Jani Magalhães, Cristina Cunha, Joana Ferreira, Helena Grenha, Esther Garcia-Morales, Miguel Oliveira, Elisabete Silva, Ivo Brochado e Manuel Portela.